E outra vez eu voltei.

Eu voltei. Voltei porque o amor transbordava, porque eu não conseguia focar nos relatórios da empresa, ou dormir sem antes lembrar teu sorriso. Eu voltei porque a preocupação que eu tinha em saber se estava se cuidando, era bem maior que a vontade de fingir desinteresse. Voltei porque doía passar pela pela tua sacada, e ter que me controlar pra não gritar teu nome. Voltei porque o som do teu riso sempre foi a minha canção predileta. Voltei porque o carinha boa pinta do metrô, usava o teu perfume, e isso me fez lembrar você. Voltei porque sempre que o telefone tocava meu coração saltava, na esperança de ser a tua voz, do outro lado da linha. Eu voltei, voltei porque as merdas que você fez, não superavam todo o amor que eu ousei sentir por ti. Voltei porque o meu orgulho não me traz a paz que a tua presença me transmite, e nem me aquece nos dias frios. Eu voltei, voltei porque tentei me afastar, soltar a tua mão, seguir reto, não olhar pra trás, fazer das tripas coração, mas acabei me dando conta de que sem você, eu não tenho rumo, e nem mesmo direção. Voltei porque a sua voz me acalma, e assistir minhas séries prediletas, já não tem a mesma graça sem você pra dividir o cobertor. Voltei porque as tentativas de te odiar, foram frustradas. E mesmo de longe, o meu amor só aumentava. Voltei porque não saberia viver nossos planos com outra pessoa. Eu voltei, voltei porque a sua ausência me causava o caos, e longe da sua desorganização, tudo fica muito arrumadinho. Pena que na sua bagunça eu me encontro, me descubro. Mas não é o bastante, não dessa vez. Preciso lembrar que apesar de todo o bem que me proporciona, nada supera a dor que fica quando você vai embora. Eu perdoei seus erros, tentei lidar com sua falta de interesse, procurei motivos pra não te deixar, qualquer coisa que me fizesse ficar. Mas é inútil, os danos não te fazem crescer, é preciso aceitar os fatos… Você é um garoto levado que não aprendeu a amar. Voltei por tantas vezes que pensei não desistir jamais. Acontece que eu cansei de jogar seu joguinho, as regras mudaram, e o jogo já não é  o mesmo. Hoje voltei só pra dizer que não volto mais. Existe uma barreira chamada razão, que já não me permite caminhar até você. Não tenho mais forças pra lutar contra o seu orgulho, e desmazelo, nada mais me motiva a ficar. Foi-se o tempo em que as migalhas do seu amor, pareciam o suficiente. Não é, nunca foram, só agora me dei conta. Preciso de alguém que me complete, queira bem, alguém que valorize o meu amor, e o devolva em sorrisos, abraços, carinho, proteção, e cuidado. Gestos que você não soube oferecer. Talvez por pensar que eu estivesse garantida, e por esta razão, não precisava me cuidar. Você errou, e errou feio. O pouco que eu recebia de ti, me motivava a acreditar, confiar que você mudaria, e imaginar amor, onde só havia um gostar. Decidi remar pra o lado oposto, hoje eu faço questão de ir, arrumei minhas coisas, deixei tudo no lugar, organizei a casa, e também o coração, tá tudo em ordem. To torcendo pra que você encontre alguém que não precise voltar, alguém que fique. Pois essas idas e vindas, destrói com qualquer sentimento bom. Sabe o teu sorriso? Ele não é mais o meu predileto, o telefone toca, e não é a tua voz que eu desejo ouvir. Depois que parei de te procurar nas pessoas, acabei percebendo que o carinha do metrô é um gato, quase esqueci que ele usa o teu perfume, afinal, esse detalhe é um enorme tanto faz. Já aceitei restos demais, mendiguei carinho, implorei cuidado, engoli quietinha todo o mal que me causou. Finalmente passou, percebi que não tenho vocação pra amar sozinha, fui além do que achei que podia.